Cumbuca Bares e Butecos de Campinas

É batata: todo vegetariano que se preze já deve ter ouvido perguntas como: “mas nem peixe?”, “nem frango?” e a insólita — mas não menos frequente — “nem bacon!?”. Comum também é o jeito surpreso que as pessoas reagem ao saber que eu, vegetariana, curto um pé-sujo, ou que eu, assídua do bar, sou vegetariana. “O que você come?” Sabe nada, inocente!

A verdade é que as coisas mudaram. Em pleno 196…, digo, 2019, ficou bem mais fácil achar no boteco uma opção vegetariana ou mesmo vegana que passe longe da batida dupla batata frita e pastel de queijo. Veja, nada contra, embora carne de vaca, com o perdão do trocadilho, são sempre muito bem-vindos. É raro mesmo quem não ofereça nada… E muitos daqueles que ainda não incorporaram uma opção no cardápio sempre se prontificam em fazer alguma coisinha, ao melhor estilo “é o que tem” — afinal isso é boteco. Basta conversar com quem está na chapa. Às vezes, a invenção cai no gosto de herbívoros e carnívoros e vai parar no menu oficial.

Com uma vegetariana no conselho, os cumbuqueiros tiveram que dar o braço a torcer e deixar de lado o antiquado preconceito pelo tira-gosto livre de carne. É por isso que, antes tarde do que nunca, escalamos a Seleção Cumbuca dos 11 petiscos vegetarianos e veganos que você não sabia que queria. A ordem é aleatória, como a vida. Feche o olho e escolha qualquer uma dessas boas pedidas!

 

Pastel de abobrinha (vegetariano) – Bar do Mingo

O Mingo, famoso pelo lanche de linguiça ISO9000, tem uma agradável surpresa para quem passa por lá de quarta-feira. O pastel de abobrinha tem jeito certo de montar. Primeiro, abobrinha refogada e tomate são embalados na fatia de queijo. A trouxinha é então colocada dentro da massa de pastel e frito. A proporção recheio/massa, respeitando o espaço necessário de vento, seria aprovada por qualquer barraquinha de feira. O resultado é um petisco tradicional e, ao mesmo tempo, diferente.

Pastel de abobrinha, tomate e queijo do Bar do Mingo
Pastel de abobrinha, tomate e queijo do Bar do Mingo

 

Coxinha Chinesa (vegana) – Bar do Saulo

O Saulo e a Michele, além de mandar muito bem na cozinha, estão sempre pensando em jeitos diferentes de nos agradar. O cardápio vem sempre acompanhado de uns papéis extras para acomodar as novas opções. No quesito, vegetariano/vegano vale uma menção honrosa pela variedade. Dentre lanches, porções e frituras, o destaque vai para a Coxinha Chinesa, vegana. Pense num yakissoba — mas sem macarrão e, obviamente, sem carne — empanado e frito. Só experimenta.

Coxinha Chinesa do Bar do Saulo
Coxinha Chinesa do Bar do Saulo

 

Queijo coalho empanado (vegetariano) – Bar Estação Baronesa

A ideia é simples, mas como é que ninguém pensou nisso antes? O sujeito vegetariano aprendeu a gostar do queijo coalho nos churrascos dominicais com a família. Bem tostadinho ele já é ótimo. E se você se você empanar e, golpe de misericórdia, ainda por cima fritar? É mais do que sucesso, é seleção! Aqui fica aqui uma opinião polêmica: ouso dizer que ele desbanca o famigerado provolone à milanesa. É daquelas porções que se você vacilar dois segundos o pessoal da carne come tudo e você tem que pedir outra. Convenhamos, nenhum sacrifício.

Queijo coalho à milanesa do Estação Baronesa
Queijo coalho à milanesa do Estação Baronesa

 

Croquete de Jiló (vegetariano) – Bar do Carioca

Esse eu relutei para experimentar, não vou mentir, mas foi uma agradável surpresa. É totalmente diferente dos salgados que você encontra por aí. Aliás, a família Carioca, impulsionada pelos concursos de boteco, desenvolveu uma inusitada excelência em empanar diversos pratos com um tal chips famoso. Certamente você, vegetariano ou não, fica indeciso ao deparar com o extenso cardápio do bar. Saia de sua zona de conforto, seja resiliente e explore novos horizontes: dê uma chance para o jiló. Sua vó, onde quer que esteja, vai se orgulhar de você.

Croquete de jiló recheado com queijo do Bar do Carioca
Croquete de jiló recheado com queijo do Bar do Carioca

 

Lanche Zucchini (vegetariano) – Clandestino

Abobrinha grelhada, queijo, tomate e só. Tudo isso muito bem temperado cria um lanchinho perfeito para terminar a noite. O lanche foge do formato boca de anjo, patrimônio botequístico campineiro-mor, e por isso uma opção mais rara de encontrar por aí. Se me permitem, gostaria de sugerir uma harmonização. O Clan – já somos íntimos – é, que eu saiba, o único a servir a porção de mandiopã no cardápio. Orna.

Lanche Zucchini - recheio de abobrinha, queijo e tomate - Clandestino
Lanche Zucchini – recheio de abobrinha, queijo e tomate – Clandestino

 

Batata à moda (vegetariana) – Bar do Mineiro

É preciso admitir: minha reação ao ver o petisco no cardápio na primeira visita ao Mineiro não foi das mais animadoras. Batata rústica servida no molho de limão com alho frito. Será que combina? Sim e COMO! Difícil esquecer a primeira à moda da Isa — que comanda a cozinha e toca o bar junto com seu cônge Mineiro –, naquele dia apreciada numa matinê em vez do alvorecer habitual. Pedir porção de batata no boteco é quase sempre um sacrilégio. Quase.

 

Batata à moda - rústicas, com alho e suco de limão - Bar do Mineiro
Batata à moda – rústicas, com alho e suco de limão – Bar do Mineiro

Lanche três queijos (vegetariano) – Bar Vida Dura

A coisa que eu mais gosto nesse lanche é que ele nunca é igual, mas é sempre bom. Boquinha de anjo feito na chapa com os queijos que tiver, então considere a margem de erro de um queijo pra cima ou pra baixo… Pode vir acompanhado de um vinagrete ou só um tomatinho. Orégano! É sempre uma agradável surpresa, sem margem para erro.

Lanche três queijos do Bar Vida Dura
Lanche três queijos do Bar Vida Dura

 

Abobrinha à Parmegiana (vegetariano) – Bar do Bigode e da Tia Eli

O que dizer dessa porção que nem conheço direito, mas já considero pacas. Não faz muito tempo que a Tia incluiu essa opção, mas peço desde que existe. Nacos de abobrinha empanados e fritos, cobertos com queijo e molho, cortados em maravilhosas tirinhas para criar uma porção de respeito. Se preferir, a Tia faz com berinjela também. Uma dica pra quem curte um belo pratão: dá pra pedir no almoço, com ou sem macarrão, pra acompanhar seu arroz e feijão diário.

Abobrinhas à parmegiana acompanhadas de batatas fritas - Bar do Bigodi e da Tia Eli
Abobrinhas à parmegiana acompanhadas de batatas fritas – Bar do Bigodi e da Tia Eli

 

Bolinha de Queijo de Castanha de Caju (vegana) – Korova 71

O Korova, bar aberto há pouco mais de um ano em Barão, já tinha me ganhado ao trocar a farinha de rosca pelo panko em seus empanados.  Aqui, a farinha comum nos pratos japoneses se soma ao macarrão cabelo de anjo na fritura para resultar numa crocância pouco vista por aí. A coisa toda ainda vem acompanhada de um molho de tomate seco que casa muito bem com o queijo vegano, que eu achei que não fosse gostar. Erro meu.

Bolinhas de queijo de castanha de caju do Korova 71
Bolinhas de queijo de castanha de caju do Korova 71

Carpvaccio de Jiló (vegano) – Edu Pizza Bar

Uma porção raiz, tradicional, gostosa e de rara presença nos cardápios campineiros. O Edu faz desde sempre e é um tira gosto perfeito para iniciar as atividades gastronômicas. Salga a boca, alegra a barriga e aquece o coração. Melhor ainda seria se fosse servida pelo saudoso Tatu.

Carpaccio de jiló do Edu PizzaBar
Carpaccio de jiló do Edu PizzaBar

Tempura de legumes (vegano) – Boteco Japa

E você aí achando que culinária japonesa é sinônimo de comida leve e saudável, né? Achou errado…. Apesar do sobrenome, nunca fui uma grande adepta da culinária dos meus antepassados. Uma das únicas exceções, desde as primeiras idas à feirinha do Nipo, era o tempurá, afinal fritura é fritura. O Evandro Higa, já conhecido por atingir a perfeição do frango frito na forma de karaage, estendeu sua maestria aos legumes empanados finos e bem sequinhos, deixando as batchans orgulhosas. E tudo isso sem a ajuda de ovo. Os veganos saúdam: arigatô, Higa-san!

Tempurá de abobrinha do Higa
Tempurá de abobrinha do Higa

Texto e curadoria: Quel Hatamoto

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